Lançamento Flanzine XX
20
Out
2019
Lançamento Flanzine XX | Corpo
A exposição surge de um resultado entre um laboratório, a Diana, o Joaquim, a fotografia e a dança. Um projecto desenvolvido ao longo de um ano de trabalho das aulas de dança da Diana Niepce na Biblioteca de Marvila.
Uma interpretação do processo de construção de um corpo, uma interpretação de dor, uma interpretação da alegria, uma interpretação da deficiência.
Aquela história da realidade que o comum mortal vira a cara. Uma problemática desprezada que produz por a resistência.
Apoios: Associação Salvador
Exposição com imagens em alto relevo para acessibilidade de pessoas com deficiência visual
Vídeo da exposição com texto resumo em braille para acessibilidade de pessoas com deficiência visual
Sinopse
12979 Dias é o somatório dos dias que os performers estiveram internados corolário da sua condição física ou psíquica. Esta estranheza da institucionalização, o espetáculo bizarro que esconde a ineficiência das políticas identitárias em torno da deficiência. Nós, os outros, ableismo, normatividade e sociedade. Como perpetuar uma mudança em nós e nos outros.
Faço um push-up, deito-me no chão e abro o corpo em forma de estrela. Dilato o diafragma e quando expiro contraio o abdominal. Como se ardesse na água.
A Sandra tenta apoiar as pernas no chão. Pernas essas que não a entendem.
A Sara balança os braços que acompanham os giros do corpo, e este dá voltinhas no espaço, com os olhos semicerrados sem ver a chuva lá fora.
A Joana aqui fica mal disposta e corre para a casa de banho nauseada, agora a Joana aprende a cair.
O Paulo tem medo de tocar nas meninas quando dança, mas quando improvisamos não há problema.
A Carla relaxa o corpo no meu, e cada vez que eu mexo o braço junto do dela, ela olha para a mão, respira enquanto eu encosto a cabeça ao braço dela e logo depois a cabeça dela encontra a minha.
O André faz caretas, mete a língua de fora, estica o braço com a mão aberta enquanto se equilibra num só pé, com a outra perna torcida num arabesque.
A Karen faz cavalinhos na sua cadeira de rodas. Mas não sabe ser doce com as suas pernas, pois as suas pernas não entendem as suas rezas.
A Marta podia ser bailarina só pela sua intuição.
A Vânia é muito tímida, mas vê tudo.
O Joaquim é a nossa sombra que dança no silêncio.
O Bruno dança comigo sem olhar para mim.
O Bartosz é muito grande, com olhos azuis e cabelo loiro. Quando está em cena chama por mim e depois ficamos os dois, lado a lado, a olhar para os outros. Nós, os outros.
Ficha técnica
Direção artística: Diana Bastos Niepce
Assistência e apoio ao laboratório: Vânia Cerqueira
Apoio à dramaturgia: Rui Catalão
Performers: André Ferreira, Bartosz Ostrowsky, Bruno Freitas, Carla Ribeiro, Diana Niepce, Joana Cadete, Karen Sampaio, Marta Xavier, Sara Ferreira, Paulo Sá
Direção técnica/ desenho de luz: Carlos Ramos
Músico: Jonny Kadaver
Fotografia: Joaquim Leal
Audiodescrição: AR produções
Apoios: Associação Salvador
Produção: O R GIA associação cultural
Agradecimentos: Sandra Marques
Espetáculo com recurso de audiodescrição para pessoas com deficiência visual
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